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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A Feiticeira e o Mago

Era uma noite de inverno, não tão rígido abaixo da linha do equador, na pequena província Untein, as pessoas caminhavam pelas ruas protegendo-se do frio e preocupadas com suas existências completamente absortas ao olhar penetrante e atento do Mago, ele se permitira atrasar propositalmente é óbvio, deseja que os olhares se voltassem para ele ao adentrar à Igreja, embora os cultos houvessem começado à dois dias ele somente decidira-se hoje comparecer e representar o seu papel de conselheiro do clero local. Caminhando em passos suaves e convictos envolto em sua serenidade ele procurou o melhor lugar dentro do tempo e ali permaneceu a observar as faces.

O culto seguiu tedioso para o Mago como de costume, embora ele estivesse empolgado com o aprendizado a ritualística não era novidade em sua vida e seu olhar percorria o local atencioso e já menos ansioso, neste instante ele a viu pela primeira vez, ele ainda não sabia, mas viria a amaldiçoar esse momento.
Ela era linda, seu rosto exibia as maças salientes quando ela sorria e seus olhos guardavam anos de dor e frustrações, ela estava envolta em um manto e usava uma túnica de algodão e ao seu redor também pairava a tristeza que seus olhos buscavam absorver.
Ele desvio o olhar, mas seu coração e sua força de vontade tremeram, a vontade de voltar a cruzar o olhar com a dama era absurda e oprimia seu peito e queimava sua força de vontade minando-a completamente como se houvesse uma força invisível a guiar seus pensamentos, ele reprimiu o pensamento, concentrou-se em suas lições e limpou sua mente da imagem do sorriso e dos olhos daquela misteriosa figura e voltou a se concentrar na condução da cerimônia. Era um Mago sua força de vontade era sua arma mais poderosa e não se permitiria jamais entregar-se novamente à grande ilusão de Eros, fosse com uma rainha ou uma aldeã, seu orgulho era demasiado e também seu algoz, mas ele ainda não houvera despertado para isso, em toda sua sabedoria ela era cego.

A Feiticeira, estava ali, empolgada com a novidade com a possibilidade de conhecer outras alma, mas com o coração tão pesado quanto um bloco de gelo, ela ouvia distante as palavras distantes proferidas adiante e seus olhos varriam o local sem propósito algum, quando ela percebeu que era observada, fixou o olhar nele também, por apenas alguns segundos, mas logo desviou, era uma mulher antes de ser conhecedora dos mistérios da Deusa e não perderia sua elegância, o estranho a observou também por poucos segundos e parecendo incomodado desviou o olhar depressa. Não devia dar atenção é apenas um curioso. Ela tinha seus próprios problemas para se preocupar, sua decepção com a rumo que os homens condiziam o nome de Deus e a frieza e egoísmo com a qual tratavam o seu amor outrora, à faziam rejeitar qualquer tentativa de aproximação, era sua arma, sua defesa sua maneira de se assegurar que jamais seu coração seria magoado novamente. Ela não expressa emoção apenas apatia e seguiu o desfecho da cerimônia, ao final retirou-se apressadamente e desapareceu na escuridão da noite recém chegada.

Linda tal qual o dedo do próprio Criador a tivesse esculpido, assim o Mago se perdia.

Era apenas mais um rosto na multidão, assim a Feiticeira pensara.

O culto terminou e a multidão se dissipou rápido, buscando o conforto e o calor de seus lares. O Mago não viu quando foi que a dama desapareceu, mas percorreu o caminho escuro de volta ao seus santuário com o pensamento naqueles belos e tristes olhos castanhos.

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