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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A Feiticeira e o Mago - Parte II

03:00 da manhã, o Mago despertara, muito tempo antes do horário que suas práticas ritualísticas exigiam, todavia, emergira do sono ao final de um sonho confuso com uma dama belíssima, não tinha dúvidas de que se tratava da misteriosa dama de semblante triste com a qual cruzava olhares no templo Cristão, embora no sonho ele apenas se encontrava no plano astral, como um protetor da dama, da Feiticeira da pequena província de Untein. Suas habilidades eram invejáveis, especialmente dentro de sua ordem, saberia perfeitamente diferenciar uma projeção do seu corpo astral, consciente ou não, de um simples sonho e não obstante ao seu desejo que fosse real, ele sabia que era apenas um sonho. De fato essa era um fato intrigante ao Mago, uma vez que lhe era conhecida a natureza dos sonhos. Concentrando-se arduamente o Mago, realizou seus trabalhos e já com a luz da manhã banhando seu templo ele voltou a permitir que seus pensamentos se perdessem.

A Feiticeira dormia sobre o crepitar do fogo na lareira, e o estalar da madeira era o único responsável por quebrar o silêncio, além das paredes de madeira antiga de sua habitação, todos os sons da floresta urgiam como uma nefasta canção. Ela encontrava-se em sua cama e além das planícies dos sonhos, embalada por um sentimento de proteção, ela sentia-se angústiada, mas havia uma presença, não podia vê-lo ou toca-lô, contudo sabia que ele estava presente, ao seu lado, velando seu sono e agora amparando suas lágrimas. Do silêncio sua alma sussurrava à dela:

-- Não tema, eu jamais lhe deixarei!

Não havia perigo eminente, mas no entanto ele a protegia, talvez de suas próprias dúvidas e medos, talvez de seus anseios, talvez de coisa alguma, apenas sua presença e sua devoção eram certezas.
Sua voz era firme e convicta e suave cheia de bondade. E por um instante os cristais cessaram a queda por sua face e um esboço de sorriso lhe brotava nos lábios. O sonho se desfez tão suave quanto chegara, todavia o sono ainda a amparou até a chegada da aurora.

Com a chegada da manhã fria o Mago se vestiu e saiu, havia trabalho a ser feito, sua presença na província de Untein era permitida pelo clero e pelo Rei, por valerem-se de seus sábios conselhos e suas práticas, condenadas por Roma, eram mantidas no anonimato, um acordo de cavalheiros, útil à ambos os lados, sua ordem lhe garantia o prestígio necessário para firmar tais acordos. Elegantemente trajado ele sentou-se à mesa de reuniões do templo e mergulhou sua atenção nos documentos antigos, enquanto lia e traduzia, a imagem da Dama se foi e seu coração tranquilizou-se.

A Feiticeira despertou de um sono tranquilo, sentido a sensação revigorante de uma noite tranquila, mas tão logo abriu os olhos o sonho veio à sua mente. Confusa e feliz, meditou sobre o enigmático sonho e sobre a não menos misteriosa presença, sondou sua mente, mas não encontrou nada. Em segundos ela tomou um diário e registrou tudo o que consiguira se recordar, tão logo terminou o registro, consultou seus tomos na tentativa de esclarecer se fora apenas uma ilusão de sua mente, ou se houvera sido visitada pela entidade. Não encontrara a resposta, mas sabia aonde conseguir, ela pensou.

Um comentário:

Laís de Souza disse...

Muito legal.. aguardando a continuação!