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quarta-feira, 3 de março de 2010

Foi poeta - sonhou - e amou a vida.

Manuel Antônio Álvares de Azevedo (São Paulo, 12 de setembro de 1831 — Rio de Janeiro, 25 de abril de 1852) foi um escritor da segunda geração romântica (Ultra-Romântica, Byroniana ou Mal-do-século), contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro, autor de Noite na Taverna.

A Poesia Ultra-Romântica

A poesia egocêntrica e sentimental do Romantismo brasileiro atingiu seu nível mais expressivo na obra dos poetas que escreveram nas décadas de 1840 e 1850, dentre os quais de destacam Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire.

Voltados inteiramente para dentro de si mesmos, esses poetas fizeram de seu mundo interior o centro do universo e expressaram e versos pessimistas um profundo desencanto pela vida. Seus poemas falam quase sempre de morte, solidão, tédio, tristeza e melancolia, configurando uma visão trágica da existência, que foi chamada "mal-do-século". Escrita por poetas que morreram muito jovens, quase adolescentes, a poesia dessa geração resvala frequentemente num sentimentalismo exagerado e artificial, em que há pouco de trabalho artístico. Mas a ressonância afetiva que seus versos encontraram nos leitores foi tão intensa que eles se tornaram poetas muito populares e até hoje seus poemas são apreciados.
Essa tendência poética, que recebeu o nome de Ultra-Romantismo, teve como fonte inspiradora a obra de alguns poetas Europeus, sobretudo a do inglês, Byron (1788-1824) e a do francês Musset (1810-1857)

ADEUS, MEUS SONHOS!

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!

Missérrimo! votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.

Que me resta, meu Deus? Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!


Álvares de Azevedo - Lira dos Vinte Anos

"Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou a vida"