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terça-feira, 13 de julho de 2010

O Vampiro e a Feiticeira

O perfume dos cabelos dela preenchia todo o ar ao meu redor, era tão suave e tão sutil, me fazia pensar em sua pele macia e quente entretanto havia o cheiro do sangue sim, o cheiro do sangue era inebriante aos meus sentidos aguçados, mais tentador do que qualquer outro perfume que eu pudesse sentir.
Caminhávamos lado à lado em passos descontraídos apenas a luz pálida da lua ousava penetrar nas trevas, que o bosque afastado do centro da vida, nos presenteava, palco perfeito para mais uma atuação de horror, atuações quais os de minha espécie estão perfeitamente acostumados, você se acostuma é claro com o passar dos anos, matar se torna tão simples quanto respirar, quando se é necessário respirar, não é o meu caso óbviamente, já não é o meu caso à séculos.
Seus cabelos valsavem, agitados pelo vento implacável do inverno, suas formas de mulher estavam bem claras dentro do jeans justo e da blusa preta de gola alta, maldita invenção da moda, os pés confortáveis dentro da bota preta até os joelhos, ela sorria e parecia estar realmente contente com cada passo, meus elogios moderados lhe faziam sorrir e a medida que caminhávamos bosque adentro, mais minha sede aumentava, a líbido e a sensualidade de seus gestos e na sua voz, tornava a ânsia pelo momento ainda mais excitante.
Comecei a atuar e fazer uso de minhas habilidades digamos sobrenaturais? Não me orgulho disso sabem? Não mais após tantos anos, seduzir uma criatura tão frágil e fazer com que ela me cedesse a vida pulsante de suas veias, sem influenciar seus sentidos me era tão divertido, mas eu a desejava tanto que não iria permitir que absolutamente nada fugisse ao meu controle, ademais precisa agir rápido, deveria ser naquela noite, naquele momento, não teria uma oportunidade melhor, estávamos sozinhos e ninguém teria ciência de que estávamos naquele lugar. Sim eu era um assassino frio e meticuloso e adorava isso! Mas não pretendia tirar sua vida, não desta vez, mas certamente iria saciar o desejo e minha fome em seu sangue.
Ela deslizava os braços pelo meu pescoço, eu acariava sua cintura, eu sorria, lutando bravamente contra meus instintos que desejavam rasgar-lhe a garganta, e a beijei, aproximando meus lábios da pele quente e aveludada, ouvia sua respiração aumentar em intensidade de meu toque, a cada contato com o olhos eu imprimia minha força de vontade acima da dela, fazendo com que ela se perdesse no momento, com que se entregasse, pouco a pouco mimando o controle de suas ações até que ela estivesse quase adormecida em meus braços, totalmente entregue à minha vontade.
Satisfeito com o resultado me aproximei sutilmente e cravei os dentes em seu pescoço. Cliché demais? Talvez, mas acreditem as lendas tem sua parcela de verdade a exceção de uma outra veia próxima a virília essa era a melhor opção para que o sangue jorre farto para fora do corpo. Todavia...
O silêncio foi rompido por uma sorriso irônico, parecido com um soluço, seguido de uma risada aguda, ela apertou as mãos contra o meu pescoço e ergueu o rosto, assustado eu interrompi o movimento ao perceber que nada, jorrava dos ferimentos e então ela se aproximou de meu rosto quase tocando os lábios nos meus e sussurrou com sua voz melodiosa:
 

Surpresa! 
 

E eu sorrio um tanto assustado é claro, atordoado com a novidade me afastei cautelosamente e a vi levar uma das mãos ao ferimento, apenas acariciando-o e aproximou-se devagar novamente envolvendo as mãos atrás do meu pescoço, beijou-me os lábios e  com um sorriso me disse:

Eu precisava ter certeza!

Seus olhos brilharam de castanhos para um azul muito intenso e eu soube nesse instante que a inquisição houvera deixado algumas raízes que renderam bons e belos frutos. O que mais poderia fazer? Sorri em retribuição!

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